Revisitar a Gripe Pneumónica de 1918-1919
21 fevereiro 2019 | Aud. Caiano Pereira | ISCTE-IUL

 

APRESENTAÇÃO

 

 

Há 100 anos atrás, o Mundo vivia a maior crise epidémica da sua história, atingido por um surto de gripe que, em Portugal, terá infetado entre um quinto e um terço dos cerca de seis milhões que então compunham a população residente, ou seja, entre 1,2 e 2 milhões de pessoas. Com a particularidade de ter atingido especialmente a população em idade ativa, entre os 20 e os 40 anos, reforçando assim o seu impacto na economia, no mercado laboral, na fertilidade, na vida familiar e na organização social em geral. O número de mortes causadas pela doença permanece por apurar com rigor, mas as últimas investigações apontam para um total estimado de 118 mil óbitos, só em Portugal. Tudo isto em apenas um ano ou pouco mais, desde o início da epidemia em março ou maio de 1918 até ao seu fim em maio de 1919, com a agravante de o período de maior virulência e letalidade se ter concentrado nos últimos três meses de 1918. Para se ter uma ideia mais expressiva dos números em causa e da magnitude desta catástrofe na escala portuguesa, bastará comparar os 118 000 mortos causados pela pneumónica, no espaço de apenas um ano, com o número de vítimas mortais portuguesas da Grande Guerra (8 000), dos 16 anos da guerra colonial (9 000) ou dos últimos 30 anos da epidemia VIH/Sida (10 500). Ou notar que, mantendo as proporções com a população atual, aquela cifra corresponderia nos dias de hoje a algo como 206 mil mortes.

 

 

É a história dessa gripe, que ficou conhecida em Portugal como “pneumónica” ou “gripe espanhola”, que se pretende revisitar no colóquio interdisciplinar que tem lugar no ISCTE-IUL, no dia 21 de fevereiro de 2019. Realizado como prolongamento do número especial da revista Ler História dedicado ao mesmo tema, este colóquio reúne um conjunto de especialistas cujos trabalhos fazem um balanço do conhecimento disponível, exploram novos dados e apontam as questões em aberto no estudo de uma epidemia que teve impactos dramáticos e uma dimensão global. Além da perspectiva histórica e das ciências médicas, o colóquio abre também a discussão às políticas públicas de saúde, questionando como se responderia hoje, em Portugal e no Mundo, a um eventual fenómeno epidémico da mesma magnitude.

 

 

 

PROGRAMA

 

Abertura | 9h30-10h00

Director CIES,

Director Ler História,

Presidente Comissão Pneumónica,

Reitora ISCTE-IUL

 


 

Painel 1 | 10h00-12h00

Moderadora
Miriam Halpern Pereira, CIES / ISCTE-IUL

 

José Vicente Serrão, Laurinda Abreu
Cem anos de investigação sobre a Pneumónica: um balanço.


José Manuel Sobral, Maria Luísa Lima
A epidemia da Pneumónica em Portugal no seu tempo histórico.


Helena Rebelo-de-Andrade, David Felismino
A pandemia de gripe de 1918-1919: um desafio à ciência médica no princípio do século XX.


Laurinda Abreu
A luta contra as invasões epidémicas em Portugal: políticas e agentes, séculos XVI-XIX.

 


 

 

Conferência | 12h30-13h30

 

Constantino Sakellarides
A Gripe e a Cidade.

 



Painel 2 | 15h00-16h30

Moderador: João Lavinha


INSA Maria de Fátima Nunes
O tempo da Pneumónica, da Grande Guerra, da Liga das Nações. Leituras e interrogações de um tempo de mudanças globais.


Baltazar Nunes

A pandemia de gripe 1918-19 em Portugal: Uma análise do impacte na mortalidade ao nível distrital.

 

Maria Antónia Pires de Almeida
A crise sanitária no Porto em 1918: o conhecimento médico e farmacêutico através da imprensa diária.

 



Painel 3 | 17h00-19h00

Moderador :Sérgio Campos Matos, FLUL ULisboa


Maria Luísa Gama
Investigar a pneumónica em Portugal: um olhar sobre os arquivos históricos da administração central.


Alexandra Esteves
A pneumónica em Viana do Castelo: o impacto, as medidas preventivas e remediativas.


Francisco Javier Martínez
Aproximações à pneumónica nos protetorados francês e espanhol em Marrocos.


Maria Fernanda Rollo
Guerra, miséria e morte: contexto e palco da pneumónica em Portugal.

 

 

 


 

 

AFILIAÇÕES INSTITUCIONAIS DOS PARTICIPANTES                                                          

 

Alexandra Esteves, Universidade Católica Portuguesa, Lab2PT-Universidade do Minho. Baltazar Nunes, Dep. Epidemiologia, INSA. Constantino Sakellarides, Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa. David Felismino, Museu da Saúde, INSA. Francisco Javier Martínez, CIDEHUS, Universidade de Évora. Helena Rebelo-de-Andrade, Dep. Doenças Infecciosas e Museu da Saúde, INSA. João Lavinha, Dep. Genética Humana, INSA. José Manuel Sobral, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa. José Vicente Serrão, CIES-IUL, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Laurinda Abreu, CIDEHUS, Universidade de Évora. Maria Antónia Pires de Almeida, CIES-IUL, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Maria de Fátima Nunes, IHC-CEHFCi-UE, Universidade de Évora. Maria Fernanda Rollo, FCSH, Universidade Nova de Lisboa. Maria Luísa Gama, CIDEHUS, Universidade de Évora. Maria Luísa Lima, CIS-IUL, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Miriam Halpern Pereira, CIES-IUL, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Sérgio Campos Matos, FLUL, Universidade de Lisboa.