Os pequenos comércios como um ativo para a cidadania europeia
Encontro | 18 outubro 2024

 

Os pequenos comércios como um ativo para a cidadania europeia: um olhar político sobre as lojas de rua geridas por migrantes no Porto e Lisboa

 

Oradora

Priscilla Santos
Doutoranda em Estudos Urbanos CIES-Iscte NOVA-Fcsh e Iscte

 

Comentário

José Mapril
Professor em Antropologia NOVA-Fcsh e CRIA

 


 

LOCAL

Sala A206, FCSH Torre A 2º Piso. Av de Berna Lisboa

 

RESUMO

Nesta apresentação irei explorar como migrantes nas zonas do Bonfim e Batalha, no Porto, e nos Anjos, em Lisboa, estão abrindo pequenos comércios de rua como uma forma de obter autorização de residência e, após cinco anos, solicitarem a cidadania portuguesa/europeia. Parto do argumento de que esses migrantes agenciam seus pequenos negócios para conseguir o desejado ‘passaporte vermelho’ e assim melhorar seu estatuto de cidadania, desvelando as dinâmicas de poder inerentes à dicotomia União Europeia e o resto. Esta comunicação resulta da minha pesquisa de doutoramento em curso. Até o momento conduzi cerca de 60 entrevistas com migrantes originários do Sul da Ásia, Oriente Médio, África do Sul, Estados Unidos e Brasil, por exemplo. Observei a busca da cidadania europeia como um objetivo que perpassa diferentes identidades raciais e de classe. Muitos desses migrantes almejam a livre mobilidade intra União Europeia para mudarem-se para países mais ricos da Europa onde possam ter rendimentos mais altos. Para além das oportunidades econômicas, o 'red passport' permitiria acesso à educação de qualidade para si e os filhos, enriquecendo o capital cultural. Esses pequenos comerciantes migrantes almejam o poder simbólico ligado à cidadania europeia para contrabalançar suas múltiplas marginalidades.

 

NOTAS BIOGRÁFICAS

Priscilla Santos é doutoranda em Estudos Urbanos no Iscte-IUL e FCSH-Nova. É mestre em Sociologia pela Universidade do Porto e bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (BR). Seus principais interesses de pesquisa situam-se nos processos de transformação das cidades, migração e desigualdades globais e urbanas. Em seu atual projeto de investigação explora como diferenças de classe, racialização e estatuto migratório relacionam-se às trajetórias migratórias e ao urban emplacement de pequenos comerciantes migrantes nas zonas do Bonfim, Porto, e Anjos, Lisboa. O foco é analisar desigualdades globais ao nível da rua.

José Mapril obteve o seu doutoramento em Antropologia no ICS, Universidade de Lisboa, com uma pesquisa sobre transnacionalismo e Islão entre bangladeshis em Lisboa. Actualmente é professor auxiliar no departamento de Antropologia da FCSH-UNL e investigador integrado no CRIA NOVA. Entre 2018 e 2021 foi diretor do CRIA. Os seus interesses de investigação são transnacionalidades, migrações, subjetividades, cidadania cultural, Islão(s) e muçulmanos, islamofobia e secularismos, interesses estes que têm sido abordados através de etnografias multi-situadas em Portugal, Bangladesh e Reino Unido. Actualmente, desenvolve pesquisa sobre re-migração, percursos de vida e percepções sobre o futuro entre Bangladeshis na Europa e sobre a relação entre processos de patrimonialização, Islão, muçulmanidade e cidadania cultural em Portugal.