Dez anos a pensar as migrações: EEM celebram uma década de debate e reflexão

No passado dia 03 de dezembro, assinalámos uma década de Encontros sobre Experiências Migratórias (EEM) com um seminário que reuniu a equipa que iniciou estes encontros: Inês Espírito Santo (CIES-Iscte & OEm), Ana Raquel Matias (CIES-Iscte), Cristina Santinho (CRIA-Iscte), José Mapril (CRIA NOVA) - e pessoas que estudam migrações em Portugal ou trabalham com migrantes: investigadores/as, estudantes de mestrado e de doutoramento, representantes de instituições públicas e de associações.
Os EEM são fruto de uma colaboração, iniciada em 2015, entre o CIES-Iscte e o CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia, que conta com o apoio do Observatório da Emigração desde a primeira hora.

O evento decorreu no Iscte - Instituto Universitário de Lisboa e contou com a presença da diretora do CIES, Patrícia Ávila, e presidente do CRIA, Catarina Alves Costa. Ambas realçaram o dinamismo dos EEM e o seu caráter interdisciplinar. Foi igualmente realçada a importância de um evento que permite fazer um balanço e refletir sobre o futuro.
Neste encontro comemorativo, recordámos o contexto político e económico de 2015 e retraçámos a evolução das migrações em Portugal até aos dias de hoje.
Nesse ano, a Europa foi abalada pela chamada "crise migratória" e chegaram a Portugal estudantes sírios. O país havia sido duramente afetado pela crise das dívidas soberanas, com um aumento muito significativo da taxa de desemprego e uma saída massiva de mão de obra (cerca de 110 000 pessoas por ano) e defendia-se a necessidade de políticas de atração de imigrantes para compensar os números elevados da emigração. Começavam a surgir novos perfis migratórios: estudantes internacionais, migrantes privilegiados com vistos gold ou residentes não habituais, sobretudo reformados. Também se observaram mudanças ao nível da imigração laboral, com fluxos importantes e heterogéneos provenientes do Brasil, que se tornou a nacionalidade mais representada em Portugal, e do Sudeste Asiático, que ganharam destaque nos jornais com casos de tráfico e exploração no setor da agricultura, ainda antes da pandemia.

Ao longo da tarde, foram aflorados todos estes temas, e muitos outros: o tráfico sexual, o asilo, a mudança de paradigma nos últimos dois anos, com a alteração do quadro institucional e legislativo, e o que isso significa em termos de retrocesso de direitos, mas também os cortes nos financiamentos, o “apagão” de muitas informações estatísticas, administrativas e até de estudos que existiam sobre estrangeiros em Portugal e deixaram de estar disponíveis.

O evento terminou com uma mesa-redonda que se debruçou sobre a situação atual e deixou um repto: "Não ver as migrações como um problema, mas como uma oportunidade".
Obrigada às/aos convidadas/os: Rui Pena Pires (OEm), Catarina Reis Oliveira (ISCSP & CAPP), Jennifer McGarrigle (IGOT-ULisboa), Maria Inês Amaro (CIES-Iscte), Sandra Benfica (MDM), Alina Esteves (IGOT-ULIsboa), Dulce Pimentel (NOVA FCSH), Cyntia de Paula (Casa do Brasil), Paulo Fernandes(Academia +Integração), e às moderadoras Inês Vidigal (OEm) e Juliana Iorio (IGOT-ULisboa)."

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Clipping do Evento
Académicos criticam “esquizofrenia” das políticas sobre migrações (Jornal ECO)
Académicos lamentam não ser ouvidos e criticam "esquizofrenia" das políticas sobre migrações (Jornal de Notícias)
Les universitaires dénoncent la « schizophrénie » de l État sur l immigration (Vivre Le Portugal)
Academics call out government “schizophrenia” in approach to immigrants/ emigrés (The Resident)